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terça-feira, 16 de agosto de 2011


Tudo o que tenho cheira a ar.
E eu ofereço.
Você quer?
Os amigos provam, engolem e gargalham,
fazem barulhos,
lembram absurdos do tempo vivido
Um e outro fica muito comovido...
Eu respiro.
Aproveito o ultimo segundo,
desperdiço,
Ele me foge.
Engoli uma garrafa,
ontem ou há muito tempo,
que borbulha e que fumaça,
é poesia, é desgraça,
me faz sábia, popular,
mendiga, rica,
cética e palhaça.
Engoli um almoço e uma janta,
Lambi a lágrima de uma giganta,
deitei na grama e acordei no inferno...
meu homem bom não sabe o tom, nem usa terno.
Meu homem bom tem a coragem de um camponês,
fere a terra, semeia vento e planta insensatez...
E ele vem, em desengonço, meio troncho,
vendendo verde, certos legumes,
contando causos,
mostra o que traz nas mãos,
E ela vê, a mulher amada.
ele traz, depois de um longo dia, depois de calos e pés na estrada:
Um grão de milho meio tristonho,
para plantar feijão e crescer, um sonho.
Ingênuo, imagina que sua mão é flor e segura suavemente a face do seu amor.
mas a mão é áspera...
Eu engoli a mão áspera do meu homem bom,
tinha unhas sujas...
E engoli um litro de sabão.
Há bolhas por aí, frutos do meu soluço, enquanto falo,
enquanto escrevo, olha a bolha em forma de trevo!...
cuidado... a bolha... cuidado com meu trevo!
Cuidado com o meu ar, o meu jasmim, o meu percevejo!

Daline Gerber

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