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quarta-feira, 6 de julho de 2011


Fui um grito espaçoso e expansivo certo tempo em minha vida... vinha de mim o som impensado, só sentido. Meu corpo não o assumia, escondido atrás de árvores, de grades, da minha voz suave. É... coabitava em mim o grito e o silêncio. Mas ele era maior e, o mais incrível, era mudo... como explicar?... Um grito que só eu ouvia e, por isso, só a mim incomodava. Mas surgia vez em quando no meu riso, na minha lágrima. Acontece que a mão do tempo, forte e sábia, atravessou e penetrou dentro, minhas entranhas, e foi mudando de lugar os sentidos, me mostrando o mundo e purificando meus rios sempre remexidos pelas tempestades naturais. Ali, em águas agora tranquilas, o tempo me pegou pelo braço e apontou que eu olhasse... enfim... tenho me visto melhor, com mais nitidez, converso com o grito e ele se espalha pela terra, se emaranha no vento, funde-se a tudo o que é claro e certo, tudo o que é calmo e ponderado. O entendo.

Daline Gerber